domingo, 21 de setembro de 2014

O TEMPO E AS JABUTICABAS


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver
daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela
menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela
chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir
quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos
para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem
para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões
de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas
não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente
humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não
foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados,
e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse
amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'
O essencial faz a vida valer a pena.
Rubem Alves

sábado, 30 de agosto de 2014

Hoje ele faria 84 anos


(30/08/1930-05/08/2010)

Bento Ferreira Júnior
4 anos de saudade














Pai,
Queria contigo falar, mas só posso escrever...
Lembro-me  com carinho de muitos momentos...
Saudade da minha infância, do pai carinhoso e sempre presente. Firme e enérgico na hora de educar, mas doce e carinhoso com sua amada e seus filhos. Dos natais encantados e cheios de surpresas preparados às escondidas. Dos fins de semana na roça, cheios de aventuras e muito trabalho prazeroso. Da sua admiração por seus pais que aprendi a amar através de suas palavras. Seu carinho e dedicação à sua profissão e a todos os seus. E sua dedicação ao lugar onde nasceu - a confusão das serras...
 
  Saudades de ti meu pai!
 
  Me ensinaste a pensar, ponderar e correr atrás do que acredito.
 
  Pai amigo, presente, mesmo parecendo distante. Sabia a hora exata de dar colo e também de deixar livre respeitando a escolha de cada um. E, como se orgulhava das realizações de seus filhos e netos...
Pai, obrigada pelos mil sacrifícios em favor da felicidade dos filhos. Quanto amor, quanta dedicação. Que aprendi e vou levar na condução da vida dos meus filhos.
  Minha gratidão eterna papai e mamãe pela torcida e pela participação nas grandes e pequenas coisas. 
 Com vocês aprendi a sonhar e a lutar pelo que acredito. Que tudo é válido se contiver dignidade na intenção e que somos responsáveis por nossas escolhas. 
 Obrigada querido pai.
  Homem capaz de amar intensamente, exemplo de caráter e humildade. Tão preocupado com os outros que nem percebeu a despedida... E foi-se, quando nos preparávamos para festejar; discreto, sem despedidas.
    Não se escolhe pai, mas se fosse possível a escolha, te escolheria de novo e faríamos tudo igualzinho.
 
  Tenhas a certeza que tive o pai que queria ter.  E que tudo o que eu queria era poder tirá-lo de meus sonhos, abraçá-lo e agradecer pela preocupação sempre presente com nossa felicidade, nosso bem estar, nossa alegria.
    Pai, te amo, um dia a gente se vê.  
Com todo amor e gratidão de sua filha Taís.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A Meu Pai Bento


A você meu pai, meu amor e gratidão eterna.

4 anos de saudade.






sábado, 10 de maio de 2014

Para Sempre


Por que Deus permite

que as mães vão-se embora?

Mãe não tem limite,

é tempo sem hora,

luz que não apaga
 
quando sopra o vento

e chuva desaba,

veludo escondido

na pele enrugada,

água pura, ar puro,

puro pensamento.
 


Morrer acontece

com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,

é eternidade.



Por que Deus se lembra

- mistério profundo -

de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,

baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,

mãe ficará sempre
junto de seu filho

e ele, velho embora,

será pequenino

feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

Mãe...

Minha avó, Titina, e minha mãe, Maria Dalva. Dois presentes inesquecíveis na minha vida.






Amor, saudades? É muito pouco. 
Ainda não inventaram as palavras que eu gostaria de dizer para estas duas mulheres.